sexta-feira, 1 de julho de 2011

PLOTINO E O NEOPLATONISMO

     



A filosofia de PLOTINO deriva da filosofia platônica.  Este filósofo liderava um grupo de pensadores atuantes nos primeiros quatro séculos d.c. , conhecidos , geralmente, como NEOPLATONISTAS.  PLOTINO  nasceu no Egito, estudou em Alexandria e lecionou em Roma, onde foi, especialmente, protegido pelo imperador GALENO. A filosofia de PLOTINO está acessível nas ENEADAS, coletânea publicada pelo seu aluno PORFÍRIO. 
          A escola de PLOTINO, provavelmente, não se assemelhava a nenhuma das escolas anteriores: PLATÃO fundara a Academia para, através da filosofia, poder formar homens que deveriam renovar o Estado; ARISTÓTELES fundara o Perípatos para organizar a busca do saber; PIRRO, EPICURO E ZENÃO fundaram seus movimentos espirituais para dar aos homens a ataraxia, ou seja, a paz e a tranqüilidade da alma. Já a escola de PLOTINO queria ensinar aos homens o modo de se libertarem da vida daqui de baixo para irem reunir-se ao Divino e poder contemplá-lo, até o ponto culminante de uma transcendente “ união extática” .
          Na metafísica de PLOTINO, como os graus de conhecimento são quatro – a sensibilidade, a razão, o intelecto, o êxtase – assim, quatro são os gráus do ser: matéria , alma, espírito (nous ), Um.  Dado o monismo plotiniano, todos os graus do ser participam, própria e variavelmente, da divindade; mas, especialmente, os três graus superiores, a Alma , o nous, o Um, formando uma espécie de trindade divina, diversa, evidentemente, da trindade cristã, porquanto, é uma trindade impessoal, decrescente e, necessariamente, unida ao mundo material, que representa o último grau inferior desta progressiva emanação e é concebido , não apenas como não-ser, mas, também, como mal.  Em absoluto, o Deus plotiniano é constituído pelo grau mais alto da realidade pelo Um , donde tudo deriva.


Este Um, descrito por  PLOTINO  como o Bem, é a unidade absoluta e a plenitude. É dele que resulta todo ser, mas, também, toda beleza.  Nenhum ser existe fora desta relação com o Um. POTINO  privilegia, antes de tudo o paradigma do sol. A luz é,  inseparavelmente, ligada ao sol. Não se pode separá-la. A luz permanece, sempre, ao lado do sol. De uma maneira análoga, o ser não pode ser separado da sua fonte, o Um.
          O Absoluto, o Deus, o Um – segundo PLOTINO –  é a raiz de todo ser e de todo conhecimento. Entretanto, transcende todo ser e todo conhecimento, pois, é totalmente indeterminado e inefável, sem qualidades materiais nem espirituais, não é espírito, nem conhecimento, nem vontade, que pertencem ao finito e ao multiplice. Por conseguinte, Deus é determinável, unicamente, mediante uma teologia negativa. Deus nem sequer poderia ser pensamento, consciência, autoconsciência, precisamente porque o pensamento implica na dualidade do conhecer e ser, na dualidade do pensante e do pensado.
          O Um se difunde por causa de sua superabundância, o que PLOTINO descreveu como irradiação ou emanação.
          A primeira emanação é representada pelo nous, pelo Espírito, inteligência, pensamento intuitivo e imutável. Ele representa a esfera das Idéias, isto é, os arquétipos eternos de todas as coisas. (Díade Indeterminada de Platão ?).
          A segunda emanação do Uno é a Alma. Ela procede do Espírito (nous) como este procede do Uno. Como a palavra é o reflexo do pensamento, a Alma é o reflexo do Espírito.  A Alma liga as esferas do espiritual às esferas do material. Tanto que a Alma do mundo penetra, forma e anima o cosmos, dando ao mundo a sua harmonia. Esta Alma possui em si as almas individuais. Estas se unem a matéria para formar, assim, os objetos particulares do mundo material. ( Demiurgo de Platão?)
         PLOTINO  descreveu a matéria como o nada, em si, sem forma e feia. Ela se encontra mais distante da luz do Um, de sorte que PLOTINO  fala da obscuridade da matéria.
         A união da matéria e da alma turva a visão desta última pelo Espírito e do Um, donde ele provém.
          A ascensão para o Um é vista por PLOTINO como um processo de purificação. A ascensão levaria  até a contemplação.
          A arte, por exemplo, passando pela percepção da beleza sensível,  conduz até a apreensão da beleza na forma pura, contida nela mesmo.
          É na filosofia, igualmente, que a alma ultrapassa o mundo das sombras dos corpos e retorna para o Espírito.
          A liberação mais elevada é o êxtase, o mergulho imediato na contemplação do Um.


OBRAS CONSULTADAS

- Historia da Filosofia: Antiguidade e Idade Média/Giovanni Reale, Dario Antiseri, - São Paulo: PAULUS, 1990 – ( Coleção Filosofia)
- História da Filosofia/Humberto Padovani, Luis Castagnola, - São Paulo: Melhoramentos, 1953.
- Atlas de La Philosophie/Peter Kuzmann, Franz Wiedmann – Paris: Le Livre de Poche, 1999.

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